terça-feira, fevereiro 21, 2017

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sábado, fevereiro 18, 2017

Faking Confidence

Uma percentagem considerável da minha profissão, diria cerca de 70%, sem estar a exagerar, consiste em fingir confiança. Desenganem-se se pensarem que os veterinários são muito inteligentes porque têm de saber muitas coisas sobre muitas espécies, e os animais não se queixam. Acho que todos nós veterinários partilhamos um sorriso duvidoso quando ouvimos isso. Diria que cerca de 80% das vezes a gente não faz ideia do que está a acontecer. Ah e tal o meu cão anda a vomitar muito ultimamente!... Gastrite aguda? Ah camandro! Já lhe andou a dar docinhos. Olhamos para o cão que é um potezinho trazido por uma velhota. Malvada vida. Uma injecçãozinha de maropitant? Vá! Mal não lhe vai fazer. Eu também já cá precisava de uma.

Ontem foi o pináculo: 

Fiquei aqui o dia a dar consultas. Chegou um pastor alemão que ficou muito mal-disposto durante a noite, e não tem vontade de fazer nada - Letárgico. Abdomém doloroso. Raio-X... Cavidade abdominal? Nada. O quê? Cardiomegália?! Ultrassonografia (agarrei naquilo, e consegui usá-lo): era o coração a bater dentro de uma bolha, assim muito basicamente. Hemangiossarcoma? Efusão no pericárdio, precisa de Pericardiocentese! Nunca fiz uma! Não há mais ninguém para fazer. As enfermeiras, até as mais velhas, todas desorientadas. Vanessa! Concentra-te! Patrão ao telefone: Eu não vou aí, é o meu dia de folga (ah a sério? não me diga) faz (isto e aquilo), and don't panic! Eu repondi-lhe: I'm not panicking, it's just: I've never done it before... I will give it a try. Ah pois andaram a dizer-lhe que eu entro muito em pânico - bitchs. Zona aséptica, agulha de 18G no 5º espaço intercostal junto à junção costocondral: E foi ver sangue vivo a sair e a entrar para dentro da seringa - 100 ml (Não coagulou não, acham o quê? Que acertei mesmo no coração?... (Podia ter acertado.. Mas) não!). Ele devia fica melhor: Não ficou. Ultrassografia: Efusão na capsula do rim direito, e uma massa de eco textura anormal - A pressão foi toda para lá. Dava para ver nos raios-x, uma espécie de quisto e uma de hérnia do espaço retroperitoneal para o mediastino. Isto está descrito? Mas achei que o coração era mais importante para estabilizá-lo. Nefrocentese? É assim que se diz? 15 ml. Hemangiossarcoma?! Os donos vieram... Eutanasia. Fuck.

Entretanto havia uma ovelha, que tinha sido atacada por animal selvagem. Era suposto eu ir vê-la na quinta, e tratar da ferida lá. Mas estávamos tão ocupados que tiveram de ser eles a trazê-la na carrinha. A ferida era tão grande, que se viam as tripas do outro lado. Tinha energia suficiente para fugir de mim - Já não é mau. Então ali de cócoras, fiz anestesia local, cortei o tecido morto, explorei bem a zona, e suturei tudo por camadinhas. No fim até fiz uma intradérmica só para ficar mais higiénico, porque pronto, é uma ovelha, não vem cá tirar os pontos... Se paniquei quando vi aqui? Pois é claro! Eu não sei como é que o bicho ainda nem tinha morrido. Deixar passar que não sabia o que havia de fazer? Não! Fingir confiança. 

Faking confidence, these brits will never know...

Nicas

Wi-Fi aka 'Uifi'

Vim pela primeira vez cá a Inglaterra exactamente na altura de me formalizar membro do Royal College of Veterinary Surgeons. Não é assim tão pomposo como parece, e nem é assim tão difícil de entrar, mas este britânicos fazem questão de dar às coisas sempre um je ne sais quoi para tornar a coisa epicamente palerma. Ora pois então nesse dia tornei-me Miss (Dra.) V Santos, DVM, OMV, MRCVS (só falta o PhD, talvez um dia, ou talvez não). Também tenho o MSc, mas eles cá não reconhecem os nossos mestrados integrados. Não que isso seja importante, posso trabalhar cá e isso é que interessa. Só é chato porque no fundo é uma maneira pomposa de nos fazer pagar para poder trabalhar. Não se enganem, é mesmo. Sem sobra de dúvida.


Trazia comigo as poupanças de uma vida. Mind you, 800 euros. Ridículo... Eu sei. Mas serviu para o que foi preciso, e quando meti esse dinheiro todo na conta à ordem, já me sentia uma mulherzinha crescida, e durante os meses antes de receber o meu primeiro ordenado, não precisei de grande ajuda. Hoje em dia, só peço o essencial troco com a desculpa mais do que compreensível: Mãe, não tenho euros... E agora já posso começar a poupar a sério.

Admiro mesmo aquelas pessoas que conseguem poupar largas somas enquanto estão a estudar. Bem, pensado bem, eu também tinha conseguido, mas houve algumas coisas caras de que precisei e fui lá buscar dinheiro: o meu computador, viagem para a Alemanha, os 3 meses de renda adiantada da minha casa na Bélgica... Não está mal. Eu não preciso de muito dinheiro.

Onde é que eu ia? AH! Londres.

Quando estive em Londres para a reunião com o RCVS fiquei em casa de um casal de amigos do grupo de amigos do meu cunhado. Eles são impecáveis. Ela é mesmo simpática, mas ele tinha-me uma dívida antiga, por me ter atirado com uma pinha à cabeça há uns anos quando fomos acampar a Sines. Não que fosse preciso dar-me alojamento e comida por 3 dias. Tinha ficado contente com um KitKat ou assim. Impec.

Quando cheguei lá a Camden, nenhum deles estava em casa. E uma coisa muito importante estava em falta: Wi-fi. Eu de hacker não tenho nada, mesmo assim afinquei-me ali a tentar rouba a net aos vizinhos, e usar os poucos dados de roming que podia utilizar. Mas desisti.

Eu não sou uma pessoa muito dado ao descaramento. No entanto, se houve coisa que eu aprendi por andar a vadiar tanto, é que o que é necessário tem muita força, e às vezes a gente tem mesmo de pedir ajuda:

Antes de entrar em casa, ouvi música a passar pela porta do apartamento ao lado. Ou seja, havia gente em casa. Na lista das nets que estava a tentar 'assaltar' havia uma particularmente forte. Só podia vir daquela casa. Após muito refletir sobre todas a decisões que tomei na minha vida, e o quão erradas ou certas foram, respirei fundo e bati à porta da vizinha. Uma senhora simpática saiu de lá e eu digo: This is really embarrassing, but I will be here at my friend's place for a few days and the internet isn't working. I was wondering if you could let me borrow the wi-fi password...

Ela pareceu desconfiada, mas depois de eu lhe garantir que era só para mim, e que de facto eles têm um router, mas que não funcionava, ela deu-me o cartãozinho com a pass, e eu safei-me o resto dos dias que estive lá. Incluindo a minha amiga que depois chegou (pronto, não foi só para mim, mas foi inofensivo porque ela é boa pessoa, já lá voltei entretanto e obviamente eles já tem a net deles).

Esta história deu aso a muitos mitos urbanos contados pelos conhecedores da história, sendo uma das punchlines: Vocês acham que ela é envergonhada, mas ela fez uma coisa que me deixou espantada. No próprio dia contei no grupo do Blá-blá-blás (aka Jovem comissão de festas do Lugar da Estrada) que admitiram que nunca teriam tido coragem de fazer tal coisa. Pois bem, na minha cabeça, pelo menos, é uma história com 'tomates' mas pouco mais do que isso.

Antes de me ir embora para Southampton (aquela que haveria de ser a pior entrevista da minha vida), comprei uma caixa de chocolates como agradecimento. Escrevi um bilhete e tudo e pendurei na porta dela. Mas quando me virei novamente, reparei que tinha um erro ortográfico. Trouxe de volta para casa, e corrigi o erro. Mesmo quando estava a pendurar o saco de novo, a senhora abriu a porta. Isso sim foi embaraçoso. Acho que ela ficou um bocadinho emocionada e tudo.


Ps. Julgo que a vizinha também era emigras... Talvez espanhola?

Nicas




The UK Border



Não aconteceu. Não fiquei a viver em casa dos meus pais, nem a fazer estágio profissional. Sou uma emigras agora! Vim para Inglaterra, um velho clichet que não paga mal, e permite deixar os meus pais descansados de que não lhe preciso de pedir dinheiro tão cedo. Continuam a trabalhar o mesmo. Pensavam que se desfazendo de mim como encargo iam começar a trabalhar menos. Bem, também não aconteceu. Continuam a trabalhar o mesmo. A minha mãe diz: O teu pai já se podia reformar porque tem os anos todos de descontos. Mas eu preciso dele!

Vistas bem as coisas, estou a começar a perceber a frustração da minha irmã. Ela diz que sou muito dramática. Diz que se tenho o problema, reajo sempre como se fosse o fim do Mundo e tudo vai correr mal, mas que depois no fim vou ter com ela e digo que está tudo bem. Ela fica mesmo irritada.

Desde que vim visitar isto no final de Outubro, e comecei a trabalhar aqui em Dezembro, muitas coisas aconteceram, muitos episódios e histórias por contar. No entanto, não houve tempo para escrever. Mas estou aqui agora com algum tempo (e algum aborrecimento) para escrever algumas coisas.

Nicas

quinta-feira, setembro 01, 2016

Fracasso

Eu não sei abrir o coração. Não sei falar sobre as coisas que me afligem. Não tenho inteligência emocional. Quando tento deitar cá para fora, sai tudo mal, e eu sinto que as pessoas perdem a paciência para mim. Ficam cheias de me ouvir.

Eu não gosto desta fase da minha vida. Sinto-me a disparar em todas as direcções e sem rumo. Já enviei tantas currículos para tantos sítios e para tantas coisas diferentes, que é impossível imaginar um futuro.
Mas eu quando penso no Futuro, nem sequer penso no trabalho, penso no que vou fazer quando for independente. No fundo, acho que estou a pensar no dinheiro. Mas não no sentido ganancioso. No sentido em que sesafogo os meus pais, e os ajudo. Em que posso fazer coisas com os meus sobrinhos, e oferecer-lhes coisas com o meu dinheiro, e não com o dinheiro dos meus pais. Em que posso ir visitar os meus amigos de Erasmus... Poupar dinheiro. Ser independente.

Mas tenho medo. Tenho muito medo de enfrentar esta fase sozinha. Tenho medo de ter de ficar em casa dos meus pais, e depender deles durante muito tempo. No fundo, tenho medo de ser um fracasso, e de não ser suficiente. Só consigo imaginar as pessoas a lerem o meu currículo e a rirem-se da minha média. Não sei lidar com isto...

Nicas

terça-feira, agosto 30, 2016

Raízes


Este fim de semana foi a festa do Lugar da Estrada. O Lugar da Estrada é mesmo a minha santa terrinha. É um lugar pequeno que tem a suas características e a sua rusticidade.

Ao longo dos anos, fui-me afastando das pessoas, porque os meus amigos deixaram de ser de cá. Depois fui para Lisboa... e para Barcelona... Gent... Lund. Quando me convidaram para fazer parte da Jovem Comissão eu pensei que era uma excelente ideia. Mas eu estava na Bélgica. Não dava.

Mas agora enquanto aqui estou a contemplar a vida, antes do início de uma fase tão incerta, não podia deixar de me enraizar novamente, e buscar aquelas velhas amizades do Parece que foi ontem. Acho que já há bastante tempo que não me sentia tão bem comigo própria, a ser útil para tanta gente, e a fazer parte de um sucesso como aquele. Aquilo que a malta jovem conseguiu fazer em tão pouco tempo, e pela primeira vez, foi fantástico. Foi brutal!

Andei tanto tempo da minha vida a fugir de mim própria, daquilo que sou, deste sítio de onde vim, e estas pessoas, que me esqueci é exactamente isso que nos torna especiais e únicos.

Por mais sítios novos, e mais experiências que viva, esta há de ser sempre a minha casa, o meu lugar - o Lugar da Estrada.

Nicas

sexta-feira, agosto 19, 2016

Aquela malta das seitas

Existe por estas bandas uma daquelas igrejas, mais do género de seita, para onde as pessoas descontam uma parte dos ordenados delas, e acham que se vão salvar assim do Apocalipse. Uma tia minha tem uma amiga brasileira que faz parte, e na sua simplicidade e falta de coisas que lhe ocupassem melhor o tempo, decidiu ir lá ver como era aquilo, e levou os meus primos com ela.

Ela contei que aquilo não lhe pareceu mau a princípio. Eles tinham lá aquelas rezas e aquelas coisa lá deles. Mas chegou uma parte em que eles se ajoelharam, e começaram a rezar à muçulmano com os traseiros espetados para cima. O meu primo de 19 anos impressionou-se com aquilo, e ficou todo atrapalhado a querer sair. A minha tia descreveu os modos dele a rir-se à gargalhada: Era ele a desviar-se aos pulos dos rabos pessoas a dizer f#%&" c$%#"! Ai! Que belas figuras. Ela também saiu e ficou à espera lá fora porque aquilo não era para ela.

Só que ficou com pena de ter saído tão cedo. Aparentemente, mais para o fim, eles tinha de comer um quarto de vianinha e um cálice de vinho de porto que, disse ela, era muito bem servido. Que desperdício.

Nicas

domingo, agosto 14, 2016

Ferrel

Ferrel está a crescer. A festa está a crescer. Agora já temos Quim Barreiros, Amor Electro etc... Qual queima universitária, só que não. Para mim a festa de Ferrel é sempre um pouco agridoce, e toda a gente parece que se diverte muito mais do que eu.
Eu gosto de estar sozinha. Gosto da liberdade, e de não ter de me preocupar com mais ninguém. Gosto mesmo! Mas é triste quando a malta está noutra. Deixa de se divertir da mesma forma porque está ocupada a estar presa ao telemóvel, e a dar atenção a outra pessoa. E no meio daquela multidão toda, dou por mim a sentir-me incompleta, e querer que alguém daquela multidão apareça para me salvar da minha miséria. Que não é miséria nenhuma, mas enfim...
Outro problema é que se vê muita gente conhecida. Demasiada gente. E falasse muito de pessoas em comum que se conhecem, e de quem não se fez grande questão de saber se ainda estão vivas. E tantas coisas que se descobrem. Dou por mim a olhar em redor a ver se alguém indesejado anda por perto, e começo a antecipar manobras de fuga.
No fim, no meio de tanto drama, insegurança, e expectativas fracassas, não me divirto nada, e vou para casa a sentir-me mal por ter gasto o dinheiro sem ter aproveitado grande coisa.

Nicas

quinta-feira, julho 21, 2016

Ratos

Todos os verões os meus pais se chateiam, e todos os verões o motivo é estúpido. No ano passado chatearam-se porque existe sempre um dia da festa Ferrel que o meu pai arranja maneira de ir sozinho. A minha mãe ficou chateada porque não percebe porquê.

Os homens são criaturas do mal. Andam sempre a dizer que as mulheres são complicadas e paranóicas, mas todo o homem (ou os que eu conheço) têm muito de ratos. São ratos à maneira de cada um. Mas são ratos. O que o meu pai fazia todos os anos era dizer durante o dia ora que ia à festa, ora que não ia. Cansava-se o juízo da mulher que às tantas irritada dizia: Olha não vou! Vai sozinho! E lá ia ele, rato contente, sozinho para a festa. O meu cunhado uma vez escondeu o café lá de casa, mesmo depois de eu comprar imensas caixas de café para toda a gente, e não disse nada até a minha irmã se descoser e dizer que tinha sido ideia dele. O meu primo Diogo trata mal as pessoas, e depois diz mil e uma mariquices que não teve intenção de ofender, e passa sem pedir desculpa, fazendo inception na cabeça das pessoas, que acabam por acreditar que interpretaram mal as palavras dele, quando ele realmente tinha mesmo ofendido, por que é estúpido e manipulador. Um amigo meu 'demonizou' a mãe dele para a poder usar como desculpa sempre que não lhe apetecesse fazer alguma coisa connosco.

Um amigo meu é muito cru a falar dessas coisas. Lembro-me de ficar paranóica porque um moço não respondia às mensagens, e eu comecei a pensar que seria por causa de algo que eu disse, ou porque já se tinha esquecido de mim. Então ele disse-me: Vanessa, é de propósito. Quando voltar a falar vai fazer-se de coitadinho, e vai dizer que não disse nada por que tu não disseste nada. Esse tipo de manipulação é bastante frequente segundo ele, e é totalmente propositada.

Dizem que são mais despreocupados, e não são paranóicos como as mulheres. São ratos... Todos.

Não sei descrever bem que tipo de homem é o meu pai. Calado é o melhor adjectivo. Mas é um calado oportunista, que engole tudo o que ouve, e quando apanha a minha mãe um bocadinho mais mole, mais bem-disposta: Rebenta! É tudo dele. Odeio isso, porque normalmente sobra para mim. Eu é que consolo a minha mãe. Sempre que rebenta, é um todo um vómito de estupidez que não lembra a ninguém. Eu acho que o meu pai tem uma crise de idade dentro dele que, por que ele não tem dinheiro para comprar um carro desportivo, se vai revelando aos poucos em atitudes estúpidas.

A minha mãe, por outro lado, é das mulheres mais independentes que existe. Super desenrascada, a minha mãe é electricista, carpinteira, jardineira... eu sei lá, tudo! Lá em casa. (O meu pai não faz nada. Diz que se precisar que sabe a quem ligar.) Mas depois é muito sensível, sente tudo à flor da pele, principalmente porque ele a apanha assim desprotegida. Todavia, é parva também. Ela fica naquela eu não mereço isto, eu não mereço isto. Se fosse eu virava-lhe as costas e mandava-o ir... enfim

E é por isto que eu tenho problemas...

Nicas

É chato ser adulto

É chato crescer. É chato ser adulto. Esta é a conclusão a que se chega quando se acaba o curso, e ainda não se é ninguém. Eu sinto que só vou ser alguém quando tiver trabalho. Quando ganhar o meu dinheiro (que vou certamente gastar todo em material de corrida, e em viagens para sítios inóspitos de mochila às costas). 
Não me interessa muito ser adulta. Não me interessa arranjar um namorado, casar-me, ter filhos... Não me interesso por isso. Toda a gente tem isso. Toda a gente deseja isso para nós... Mas todos temos definições diferentes de felicidade. E amar... Amar é bom, mas magoa demais, e para mim não compensa, não consola.

E durmo mal. Durmo mal porque por mais que tenha o Mundo todo como possibilidade, sinto que o Mundo me tranca as portas. E este Mundo está cada vez mais virado do avesso, e eu não consigo conviver com a falta de respeito e de Humanidade que existe para com as outras pessoas, e a Natureza...

É chato crescer.

Nicas

terça-feira, julho 12, 2016

De dia 10 para dia 11

Ainda durmo mal, ainda cheiro mal, e ainda sinto uma adrenalina e uma ansiedade difíceis de explicar. Primeiro já sou veterinária. Já sou crescida, qualificada em grau de mestre, e agora vou ter de me ir fazer à vida. Segundo, somos campeões europeus de futebol.

No dia 10 já nem queria muito olhar mais para o powerpoint. Não era a apresentação que me preocupava. O que me preocupavam eram as perguntas que me iam fazer, e por onde iam buscar para espremer. Eu sei que sei pouco, e que tenho muito que aprender. Já não me lembrava que se chamava artéria facial transversa, mas sabia que passava junto à órbita, e era por onde se recolhia sangre arterial para medir o 'volume' (coiso) de oxigénio (pressão parcial de oxigénio em milímetros de mercúrio). O pulso jugular à entrada do peito, também é normal e não faz mal a ninguém. Sabia que a hipertensão pulmonar provocada sobrecarga no lado direito do coração, mas claro que precisei de pensar que ia originar lesões valvulares e por aí a fora... A minha tese era sobre arritmias, e a cardiologia não é para meninos. Mas eu disse que gostava dela exactamente por isso, e que me dava vontade de a saber toda, e que esta tese e a revisão que fiz não fizeram de mim cardiologista, nem sabia se algum dia o iria ser, mas que gostava? Oh sim, gostava e gosto.

E estive a ali a lutar contra o cansaço e o sono de uma noite mal dormida, depois de um jogo emocionante que não podíamos perder. Tivemos o bom prenúncio das vitórias alcançadas no atletismo a alimentar uma fé que não era assim tanta, mas que mesmo assim, era gigante. Um jogo que só pensava que fosse como fosse, nem que fosse com o Éder e o Eliseu, e o Eduardo na baliza, e o Coentrão sem condições e de havaianas repescado das bancadas, porque o Payet tinha dado porrada a toda a gente (sem que fosse considerado falta): Tínhamos de ganhar. Chegou uma altura que parte de mim começou a achar que alguma força do além estava tanto por nós, que mesmo a jogar melhor que Portugal, a França não nos ia ganhar na final. Foi o Elefante, foi a tartaruga... Foi o reino animal todo do nosso lado, e até foram para lá as traças dar uma força. Napoleão também não conquistou o pequeno Portugal, mesmo sem Rei e sem nada mais do que a inteligência de quem cá ficou a dar tudo por nos proteger. É uma comparação forçada, mas aquela vitória também foi.

E é desmantelando o coração dos apreciadores de futebol franceses, que nós mostramos que não precisamos que eles nos respeitem ou gostem nós. Nós valemos por nós mesmos, e assim até vamos lá partir aquilo tudo com mais gosto ainda.

Foi com muito adrenalina, stress, emoção, ansiedade, felicidade, e outras coisas mais que estes 2 dias passaram num instante.

Este Verão é todo nosso.

Nicas

quinta-feira, junho 30, 2016

Copenhaga

Eu já só queria acabar o estágio. Não tive um único dia de folga só para passear. Os únicos passeios que fizemos foram nas horas vagos do dia, e confesso que em algumas alturas apetecia-me mais estar a fazer uma bela sesta em vez de estar ali. Por isso, em vez de acabar o estágio no dia 29, e vir para casa a 30, decidi acabar a 28, fazer um mês exacto, e tirar o 29 para explorar Copenhaga, a partir de onde ia ser o meu voo.

Havia um problema: Ia estar sozinha. Um amigo meu vinha para cá para uma conferência do BEST, mas cortou-se comigo poucos dias antes. Ou seja, ia ser uma aventura.

Parti da Flyinge às 7h30, apanhei o comboio e fui para Copenhaga. O que eu sabia de Copenhaga não ia muito para além de ser capital da Dinamarca. Saquei do Google Map as indicações para o caso de não ter internet, e fui à procura do hostel.

Eu sou uma pessoa de introduções, ou seja, sempre que chego a um sítio novo, e preciso de ajuda, faço uma introdução. A minha intenção é atrair empatia, para conseguir que as pessoas me ajudem com mais vontade. Então quando cheguei ao hostel:

Eu - Good morning! I have been doing an externship in Sweden, and I'm only in Copenhagen for a day. Do you have any suggestions for me to appreciate the city since I'm only going to be here during this day?

Mocinha do Hostel - You have some free tours. You can go, and then you pay as much as you want.

Eu - Nice!

E lá fui eu. Mas sem antes aproveitar o wi-fi para contar à família que esta desenrascadona, estava sozinha, mas estava na maior. Quando cheguei à praça do City Hall, primeiro fui ao Hard Rock gastar dinheiro que não devia. Acontece que a economia da Dinamarca é ainda melhor do que a da Suécia, e as coroas deles valem mais. Isto de pensar que 'krones' são 'krones' e pronto, valeu-me uma choradeira que vou descrever mais à frente. Depois quando cheguei perto do grupo de pessoas, era simplesmente muita gente. Tudo em grupos, e eu ali sozinha de telemóvel na mão, a postar a foto que pedi a uma senhora simpática para me tirar antes de ir para o hostel. De repente: People for the spanish tour? E bling-bling-bling: Me! Me! Ora porquê? Não há malta mais fixe que a latina: 4 portoriquenhas, e uma espanhola a fazer o tour... É assim que se fazem amigos. Durante o resto do tempo, estive com a elas. Super simpáticas.

Fizemos aquela tour, e outra mais... Comprei 3 lembranças para a família. Comprei um latte. Comprei uma sandes e um sumo. Dei uma gorjeta de 70 kr no total (10€, eu pensei que fosse menos, porque em coroas suecas, seriam 7€). Quando fui ao McDonalds jantar (a pensar que ia ser barato): Card declined. Whaaattt? Ah pois, 100€ foram para o caraças assim sem mais nem menos, sem eu os ver. E era a Vanessa a chorar ao telemóvel que tinha fome e não tinha dinheiro, e os dinamarqueses que fossem roubar a tia deles, que isto assim não dava. A minha mãe transferiu logo dinheiro, e eu fiquei com depressão de millennial, ali sozinha tão independente a comer um hambúrguer do McDonalds em Copenhaga, mas que tinha pouco antes telefonado à mãe a chorar porque não tinha dinheiro para comer. Que vergonha.

Fui dormir para o hostel. Dormi que nem um anjinho. Podia ter dormido mais, mas isto de acordar todos os dias às 6h/7h da manhã, programa uma pessoa. 

E agora estou aqui na aeroporto de Copenhaga. Um típica millennial de pc no colo e usufruir do wi-fi grátis, para ir escrever treta na Internet, cuscar o Facebook, e ler artigos sobre o Game of Thrones.

Nicas

Perry Dog

Quando comecei o estágio, e percebi que não ia ter folgas, uma parte de mim morreu um bocadinho. Mas conheci as primeiras pessoas, e percebi que talvez não fosse ser assim tão mau. O problema foi quando conheci a veterinária portuguesa, que por acaso ia ser a minha patroa. Somos pessoas tão diferentes, ela puxava tanto por mim, e era tão desagradável, que várias foram as parvoíces que fiz, à conta do stress que ela me transmitia. A maior parte da minha adaptação, foi adaptar-me a conviver com ela. No fim, metalizei-me que ela é doida, e que eu só podia ser eu própria... A partir daí, começou a correr melhor.

Mas a parte engraçada (essa a que realmente interessa), é que estamos a falar de pessoa que adora falar de homens, e do quão atraídos eles são por ela, e ela por eles. É embaraçoso no sentido em que não sendo feia, não é assim tão linda...

Outra coisa de que ela fala muito, é de ter um cão da pradaria (perry dog). Eu não conhecia ninguém com um perry dog. Mas é como uma suricata. Como é um animal tão raro, não há legislação que proiba ou permita. Chama-se Poki.


No outro dia, uma das stable managers, uma sueca mesmo sueca, alta, esbelta e bonita, com aparência típica de cavaleira de dressage, disse para a veterinária enquanto ela estava concentrada na ultrassonografia:

- When you are concentrated, your face looks like your Poki's face.

Eu estava lá mesmo, e confesso que acho que uma parte dela morreu ali. Na altura estava cheia de anti-corpos contra ela, e achei talvez mais graça do que a que devia...

Nicas


quinta-feira, junho 02, 2016

Suécia

Embora já cá esteja desde de dia 28, só consegui escrever sobre a Suécia agora. 

Estão a ver aquilo que se diz dos nórdico? Que são frio? Distantes? Esqueçam. Não sei se é porque estou no sul numa região rural, mas eu passo a manhã toda a desejar 'Bom dia' a toda a gente aqui na Flyinge. Pessoas que eu não conheço nem sei se são cavaleiros, alunos de hipologia, veterinários, administrativos... 'Bom dia' a toda a gente. Até malta que vai só a passar de carro, acena. (Em Gent se não te olhasse com desprezo duas vezes por dia, já ias com sorte, porque podiam ser três). As pessoas são comunicativas, simpáticas e educadas.

O trabalho é muito. Mas mesmo muito. Do tipo em que se tem vergonha de ir à casa de banho com medo que se seja necessário para fazer alguma coisa. Tenho de reabastecer de cafeína bastantes vezes, e mesmo assim estou sempre a dormir. Mas estou feliz! Tudo aqui à volta é bonito, o sítio, os cavalos, a paisagem, os edifícios, a casa onde estou... Não gasto dinheiro nenhum porque não pago nada, só a comida do pequeno almoço e do jantar (mas até isso com jeitinho se arranjava). Se não fosse a dor de pés, e o trabalho em excesso, quase que podia ser um retino espiritual.





Nicas

sexta-feira, maio 27, 2016

O Dia do Atletismo

Não sei porquê, mas no outro dia tive uma nostalgia do básico. Este blog está recheado de momentos engraçados desses tempo. Mas esses tempos não foram sempre bons. Tudo somado: bem, os miúdos são maus.

No entanto, um dos dias mais espectaculares do básico era o Dia do Atletismo. Todos os dias havia um dia em que as tuas do mesmo ano competiam umas contra as outras. No meu 8º ano, houve um problema. As provas iam ser realizadas à tarde, e no dia seguinte tínhamos um teste... Já não me lembro de que disciplina. Resultado: Algumas pessoas que tinham sido seleccionadas para uma determinada modalidade, desistiram de ir.

Havia sempre (pelo menos) 5 turmas por cada ano. A minha turma ficava sempre (SEMPRE!) em 3º. Tínhamos uma reputação a manter. Então, entendi que não precisava de estudar muito, e fiquei com um grupo de pessoas da turma que ficou a tentar dar vazão às modalidades todas. Fiquei com lançamento de dardo, e resistência. Como os nossos moços normalmente conseguiam alcançar o 1º ou 2º lugar, e as moças o 3º e 4º, no fim ficávamos em 3º. Eu arrecadei o 3º lugar nas duas modalidades, sem nenhum lançamento nulo nos dardos. 

Este foi um dos dias dos quais me recordo com mais carinho. A forma como nós ficamos ali juntos, a representar a turma e a apoiar-nos uns aos outros, ainda hoje me aquece o coração.

Nicas

sábado, maio 21, 2016

Light-givers and Light-suckers

No outro dia, apercebi-me que existem dois tipo de pessoas: 

Os light-givers que são pessoas que nos iluminam os dias. São pessoas com quem partilhamos as nossas coisas, enquanto elas partilham as suas, numa comunhão de conhecimento e informação quotidiana, intelectual, e corriqueira. Pessoas com quem depois de estarmos, sentimos o alívio da nossa solidão, e acalmia da nossa tristeza. Pessoas que nos ajudam a relativizar os nossos problemas, e nos ensinam novas perspectivas, e formas levar a vida.

Os light-suckers são o oposto. São pessoas para quem a vida deles é sempre muito mais fantástica do que a tua. Se não for, vai passar a ser. Como não te deixam falar muito, a uma certa altura, passa-se a acreditar que se é um grande ranhoso, pelo menos, comparado. São pessoas, que quando se está com elas, se sente um pouco mais sozinho, incompreendido. Como se, para se conseguir encaixar, tivesse de se deixar um pouco de si, para ser alguém um pouco diferente, e mais apagado. Pessoas que exigem um esforço, que é às vezes cansativo.

Concluí que gosto mais do light-givers...

Nicas

quinta-feira, maio 19, 2016

'A força nos impressiona, mas o que deixa uma marca indelével é a bondade.'
Nicas (Fonte...)

terça-feira, maio 17, 2016

Lifehacking Lisboa

ou

Aventuras em Lisboa com a avó

Se existem pessoas a quem devemos muito a nossa existência, é aos nossos avôs, e todos os outros avôs, e avôs... antes deles. Mas nunca nos queremos lembrar disso quando os nossos pais nos encomendam a tarefa de os levar à consulta para uma das mil e quinhentas maleitas que eles têm todos (ou a esmagadora maioria).

Hoje levei a minha avó a uma consulta de oftalmologia para diabéticos em Lisboa. Começou mal. Eixo Norte-Sul e Viaduto Duarte Pacheco engarrafados: éramos para lá estar às 8h30, só chegamos às 9h30. Depois não havia estacionamento. Às vezes penso: Bolas, até nestes lugares mal amanhados, a subir e a descer, na bela da calçada portuguesa, a EMEL põe parquímetros. A EMEL domina, e a gente verga. Mas como não havia estacionamento, estacionei no parque subterrâneo de um hotel (só depois vi que era cinco estrelas), por que: que se lixe, estamos atrasadas, a avó não anda muito, e ela é que paga.

Estávamos atrasadas, mas ficámos até ao meio-dia para sermos atendidas. Mesmo à portuguesa.

- A sua avó foi operada aos dois olhos? - pergunta a técnica.
- Não sei... - Ai bolas, que vergonha -  Avó, já foi operada? 
- Hã...? - pergunta ela. Ela é surda.
- JÁ FOI OPERADA AVÓ?
- Não... Não me lembro - responde ela toda baralhada.
- Não se LEMBRA? 
- Deixe estar, vou pôr aqui que sim - diz a técnica com desprezo.
- Eu não passo muito tempo com ela, sabe. Ela tem muitos filhos e muitos netos. Mas tenho quase a certeza que sim, ela até tem estado a pôr gotinhas...
- Isso não tem nada a ver. Gotinhas podem ser para muitas coisas... - diz ela com desprezo.
- Mas olhe que é de corticosteróide e antibiótico.
- Hum... Então pode ser, sim. 

- Mãe! A avó não se lembra que foi operada - digo eu por telefone à minha mãe.
- Então não foi?! Ao olho direito. Já só falta o esquerdo.

- Bom dia! Olhe, a minha avó não se lembra ter sido operada! - digo eu à médica.
- Ah! É bom sinal, é sinal que não ficou traumatizada! - responde a médica.

No fim, precisámos de comer qualquer coisa a jeito de almoço. Mas ela não anda grande coisa, e não havia pastelaria nenhuma ali perto. Quero lá saber, comemos uma sopa no hotel, por que a avô é que paga. Ah espera, se calhar não chega... Paciência, pago eu, ela também me levava à praia, e fazia batatas fritas de propósito para mim quando eu era pequena. Quero ir para casa rápido.

- Boa tarde! Servem uma sopinha para mim e para a minha avó?
- Sim sim! - responde o empregado, com um ar de pena risonha, a olhar para o nosso retrato de avó e neta, como se fossemos gente rude do campo. - A sopa do dia é creme de ervilhas com camarões salteados...
- Pode ser! 
- ... mas temos sempre sopa de legumes ou creme de marisco, se preferir.
- Não, pode ser a do dia mesmo. - Oh espera, eu não gosto de ervilhas! Pode ser que todas trituradas, e mexidas com coisas, saiba bem. Caraças, ainda vou pagar uma fortuna por uma sopa que não vou gostar de comer. Bem, agora já está. Paciência. - Estas situações fazem-me sempre tomar decisões parvas.

Enquanto comia a sopa, pensava: Fogo isto está mesmo bom... Uma vez, a minha irmã pagou quase 50€ por um frango num sítio sem jeito nenhum. Aqui nem quero imaginar quanto será uma sopa, aliás, duas... Não penses. Come. Oh coitadinha da avó: isto tem talheres a mais. No fim, o empregado até nos ofereceu dois mini pastéis de nata e tudo (eu que ela é diabética, mas não a deixar comê-lo, era cruel). Chega a conta final do almoço: 8,50€. Podia ser a brincar, mas com toda a seriedade, confesso que olhei para a conta à procura de onde estivesse escrito algures: desconto de idoso. 

De uma já nos tínhamos safado, agora faltava o parque, que era o que me preocupava mais. Uma vez, no parque da EMEL nos Restauradores, paguei quase 20€ por 3 horas à noite. Onde é que se paga? Não encontrei nenhuma daquelas caixas automáticas, então fui para a saída, e carreguei no botão das informações. Começou a fazer barulho como se fosse de uma chamada telefónica, mas ninguém falou. Logo a seguir, leio no écran: Abertura remota da cancela (ou algo parecido). Não... 

Toma lá EMEL!... *Mic drop*

Nicas

segunda-feira, maio 16, 2016

A cantiga do ressabiamento

Este é um dia difícil para os sportinguistas. É um dia em que pensamos: Porra! Porquê? Porque é que temos sempre de perder para aqueles gajos! Não é justo. Pessoalmente, dormi uma grande sesta durante os jogos. Tinha feito noite, e entrado numa cirurgia que só acabou às 4h da manhã, e às 8h, fui para a Corrida da Mulher. Tive um dia gigante. E eu já sabia que iam ambos ganhar, e que o Sporting ia ficar segundo... No fundo, isto é tudo culpa do Tondela.

Mas pronto, o ressabiamento toma sempre várias formas. Uma dessas formas é dizer que é parvoíce. Há coisas mais importantes que o futebol. Se aquela malta em vez de estar a vandalizar a estátua do Marquês estivesse a trabalhar, é que era! E é por causa destas coisas que o país está como está. E a culpa é dos benfiquistas, que irremediavelmente são a maioria da população portuguesa. Os que guardam isto tudo para eles estão bem (apesar da úlcera gástrica que ganham), mas os que depois vão comentar as cenas no Facebook... Pá, deixem-se disso.

Também há os que depois deixam de gostar de futebol. Mas eu gosto é de ténis. Caraças, Roland Garros nunca mais começa! Ou então só de futebol português: E o Leicester hã? 'Bora emigrar? Isto está feito é para o Real também!

A minha opinião é que pronto, foi bom enquanto durou, mas hoje acabou, tudo passou.. Para o ano há mais. E o europeu? Quando é que começa?
 
Nicas

sexta-feira, maio 13, 2016

O turno da noite

ou

'Bo tem mel!'


A faculdade fica mesmo pegadinha ao Monsanto. Isto significa que fica mesmo ao lado o recinto da SAL. Eu disse que tinha convidado a malta para ir, mas julgo que não vamos acabar por ir, porque o cartaz não está do nosso agrado (na queima de Coimbra, o cartaz não interessa muito... Sem ser o Quim Barreiros), e verdade seja dita, já não temos idade para a SAL. Aparentemente, segundo elas já só começamos a ter idade para ir a Sunsets nos terraços de hotéis da baixa de Lisboa (mas eu recuso-me a limitar a minha vida dessa maneira).

A minha faculdade tem um dormitório com muitos quartos, mas para fazer render o peixe, colocaram uma série de camas só num quarto, e independentemente do ano em que estejamos, e em que clínica estamos, acabamos todos a dormir no mesmo quarto. É o país que temos.

Depois de fazer a ronda da meia-noite, eu e uma miúda do 3º ano fomos descansar, para acordar novamente às 3h30 da manhã e fazer a segunda ronda. Entretanto, depois um momentâneo instante de acalmia no recinto, começa a chegar aos dormitórios: ... Bo tem mel!! Era o C4 Pedro a bombar, a multidão a delirar, e eu a amaldiçoar a minha sorte, desejando que o kizomba nunca tivesse sido inventado. No ano passado, a seguir à bênção das fitas, fomos vê-lo só pela graça (não é cem por cento verdade, porque era o Nelson Freitas, e algumas de nós gostam mesmo... O Bo tem mel, e eu não julgo ninguém).

Por volta das 2h50, chega malta da clínica de pequenos, um casal, a sussurrar:
- Anda para aqui... - diz ele.
- Não! - diz ela muito rápido.
- Vá lá!
- A sério? - penso eu.
- Não!
- Que filme...
- Eu não te faço mal...
- Não sei... - depois começaram a sussurrar coisas que já não dava para perceber, mas a fazer barulho à mesma.
- Pchiu! Então? - sussurro eu, alto. 

Eram 3h30, e saí com a miúda do 3ºano para fazer a ronda, sem acender a luz, claro. Separámos-nos, e eu cheguei primeiro ao quarto. Quando ela chegou começou a falar mesmo alto, e eu não disse nada, super envergonhada, até que ela diz: 'Ah! Está cá gente? Não ouvi ninguém a entrar à pouco...'; e eu penso: A sério? Conseguiste dormir? Odeio-te.

Tento adormecer... 'Groagrrrrr!! Groagrrrr!! Groagrrr!!'; 'Quem está a ressonar?!'

Eram 6 da manhã, e que nem um zombie, levantei-me. O casal levantou-se ao mesmo tempo. Entretanto, mais 2 pessoas já tinham entrado, dormido, e saído. E eu não tinha propriamente pregado olho. Então reconheci o casal. Era uma miúda e um miúdo do 4ºano, que sempre que os via achava-os adoráveis, porque pareciam mesmo um casal de tios do campo em miniatura. Assim descrito não soa muito bem, mas garanto que são amorosos. 'Bom dia!', baixinho. Fui ver se os cavalos estavam bem, e meti-me no carro. Tentei não atropelar os bêbados da SAL no caminho. Ainda me lembro de estar ali como eles, sair já de manhã do recinto com as minhas amigas, e procurar o autocarro para casa. Fui para casa.

Nicas

quinta-feira, maio 12, 2016

Maquilhagem

ou

'Ela é linda sem make-up', não...

Voltando atrás à maldição de minha tia: Quem vai à festa, 3 dias não presta; hoje decidi fazer uma coisa que nunca faço (só quando falta base), e comprei maquilhagem. Eu não uso maquilhagem propriamente, só uso conseiller para esconder as olheiras e os poros dilatados do nariz. Um amigo meu de Barcelona uma vez disse-me que eu não precisava de maquilhagem! Acontece que este meu amigo fiz um filme pornográfico em Barcelona. Sim, não me enganei. (É uma história gira para outra altura...) Mas não sei que valor eu hei-de dar à opinião. Mesmo assim...

Então foi a uma loja daquelas só de maquilhagem. Já tinha sido enganada lá uma vez, quando me venderam uma base escura (escura!), e depois não me a queriam trocar... Tive de verificar que a senhora não era mesma, e lá fui eu apertadinha de dinheiro comprar qualquer coisa.

Confesso que gostava de me saber maquilhar. Vi um vídeo da Kendall Jenner a fazerem-lhe smoky eyes, e pensei, bolas, gostava de saber fazer isto. Todas as 20-e-qualquer-coisa se sabem maquilhar (e tirar boas fotos) menos eu. Eu tenho de pedir! Sempre que faço sozinha, ou faço muito levezinho, ou se me entusiasmo, os olhos ficam uma coisa que parece o cruzamento de um panda com uma preguiça.

Existe um problema: as senhoras nestas lojas são umas chatas! Sem ofensa, é o trabalho delas, mas vá... São cá umas chatas! Então surgiu-me logo uma moça muito prestável, que deve ter snifado logo a minha azelhice, maquilhada como se a seguir fosse só trocar de roupa e ir para o Urban Beach, e perguntou: 'Já conhece os nossos produtos?', 'Sim já cá estive um dia para comprar uma máscara para os olhos... Acho que esta, ah não, já cá não está...'. 

Podia ser mentira, eu acho que ela pensou logo que eu estava a despachá-la, mas não. Vejam lá que a outra senhora era tão persistente, que me convenceu (a mim!) que compro esta coisas 1 vez a cada 2 anos, a fazer um cartão da loja e tudo. Sou tão fresquinha nisto, que na feira da ladra se calhar conseguiam vender-me uma camisa por 50€ em vez de 5€.

Resultado, saí de lá sem nada do que fui buscar (não que soubesse o que ia buscar, mas gastei dinheiro que não queria gastar). Tive tanta vergonha, que quando cheguei a casa pôs aquilo tudo na bolsa e nem olhei. Mas claro que depois da minha corridinha diária, tive de ir experimentar tudo, e como o raio do eyeliner é à prova de água, agora vou para a faculdade fazer o turno da noite com os olhos de quem andou a curtir a noite passada toda no Place ou na SAL, e dormiu maquilhada e tudo. Acho que prefiro parecer que faço parte do cast do Walking Dead, e pronto.

Nicas

A minha mãe e o Facebook

Nem dá para ter ideia do quanto eu sofri para que a minha mãe não fizesse Facebook. Fartei-me de lhe dizer que aquilo não prestava, não tinha jeito nenhum, que era só para malta nova partilhar porcaria, e que eu só usava aquilo para falar de trabalhos de grupo com colegas, e ler notícias.

Mas num dia fatídico, aconteceu... O belo do convite de amizade. Como não tenho nada no Facebook que me envergonhe particularmente, aceitei. Ela não me chateia muito, é um facto.

No outro dia li no 'Por falar noutra coisa' um texto, em que ele descrevia diferentes tipo de mãe. Ora a minha...

Como se não bastasse o controlo, sabemos que ela vai fazer várias destas coisas e que nós sempre que as vimos vamos considerar bloqueá-la:

  • Partilhar citações em português do brasil ao género «Super-mãe é aquela que sai vestindo capa e tem por baixo um avental sujo de goiaba.»
  • Partilhar textos do Pedro Chagas Freitas com emojis daqueles cãezinhos que choram;
  • Vai comentar posts teus a dizer que és muito lindo. Sempre em maiúsculas que é para ser mesmo verdade e sentido.
No outro dia escreveu: 'Ho isso é que era cervisso'. Enfim, mas se a faz feliz, quem sou eu...

Nicas

quarta-feira, maio 11, 2016


Desentendimentos

Continuando no tema da queima de Coimbra (porque foi o acontecimento mais 'emocionante' da minha vida neste momento), queria falar de dramas entre pessoas. Ao fim de 2 anos e passar a queima com as mesmas pessoas, percebi que mesmo entre amigos, a malta tinha sempre dramas.

Os dramas entre pessoas para mim não fazem grande sentido. É óbvio que não gostamos de toda a gente. É muito difícil lidar com temperamentos incompatíveis com os nossos, mas na minha prespectiva, é sempre mais fácil arranjar um equilíbrio educado de convívio com as pessoas, do que simplesmente não gostar delas e já está. Mesmo partindo do princípio que não temos que lidar com elas todos os dias.

Não estou a dizer que se deva ser falso. Nada disso... Eu sei que nem toda a gente gosta de mim, por exemplo. Ou simplesmente não se identificam comigo. Eu sei, eu sinto isso, e aceito, por que verdade seja dita, a não ser as pessoas de quem gostamos, não nos faz falta que toda a gente goste de nós. Só nos faz falta que nos tratem com respeito. Para ter o respeito das outras pessoas, só precisamos de respeitá-las, mesmo que não gostemos delas, aceitando as diferenças, e dando espaços para que as pessoas possam ser aquilo que são. Com isto quero dizer, que não precisamos de desejar mal ou olhar com desprezo para ninguém. Simplesmente, deixamo-las estar.

Às vezes, uma boa conversa resolve muita coisa.

Mas é por isto que eu tenho ansiedade social por vezes. Muitas pessoas são más umas para as outras todos os dias. Gostam de intriga e conflito...

Nicas

O ditado cumpre-se

Ou 

'Quem vai à festa, 3 dias não presta'


Eu tenho uma tia que dizia isto sempre a seguir a todas as festas a que íamos com ela. A ideia era que durante os 3 dias seguintes, nenhum de nós ia andar em condições. A mim sempre me soou a mau presságio de tia de Estoril que prometia olheiras, má pele, arrependimentos, e vergonha alheia. Não podia estar mais certa.

Não tenho uma única boa foto dos dias da queima. Nem uma. Em todas elas pareço uma personagem de um filme do Tim Burton. Agora imaginem fazer turno de noite durante um desses fatídicos dias. Simplesmente não combina. Eu pensava que não havia mais por onde piorar.

Ups. Acabei de convidar a malta para ir Semana Académica de Lisboa.

Nicas

terça-feira, maio 10, 2016


Histórias da queima de Coimbra para quem estuda em Lisboa

Ou

Dos co-criadores de: O tipo que matou um pónei com lidocaína


No dia do cortejo, por volta das 4 da tarde, no topo escadas monumentais da Universidade de Coimbra, eu estava com um moço amigo de uma amiga minha, que bêbado se lembrou de me levantar ao colo e beijar-me. Não, não era para ser romântico, talvez o tivesse sido, na minha cabeça durante uns minutos (ainda estive ali no colo dele muito tempo), porque gostava mesmo que tivesse sido dado o meu historial, e por ele ser mesmo (mesmo) muito jeitoso.

Eu acho que toda a gente tem histórias da queima, principalmente as pessoas que estudam lá. Mas para quem não estuda lá, o que acontece pode levar um toque de surreal e de esquisito. É como a Animalada na UAB... Surreal e esquisito para quem é de fora, e o evento mais aguardado do ano para quem lá estuda.

Tinha conhecido o moço na noite anterior num jantar, e não se pode dizer que tenha acontecido nada de especial connosco. Contudo, a verdade é que ele era tão giro, que eu tinha passado a noite toda a pensar nele. O raio do karma andou a brincar comigo. Tantas vezes a rejeitar pessoas bastante aceitáveis da minha vida, que agora interesso-me por uma pessoa que seguramente nunca me vai achar graça nenhuma. Agora pode pensar-se 'mas afinal acha', citando o início do texto, mas não... Recapitulemos:

Este moço ainda na noite anterior à do jantar, me tinha cumprimentado no recinto, por estar com a minha amiga, como se já nos tivessemos conhecido antes. Estavamos ambos, completamente bêbados (sendo que ele estava bastante mais), abraçou-me e disse qualquer coisa parecida como: 'Então, tudo bem?' Ao que respondi embaraçosamente: 'Sim, obrigado'... Eu sei, péssimo. Na noite em que nos conhecemos mesmo, a primeira coisa que me disse foi: 'Desculpa, eu sei que nos conhecemos ontem, mas não me lembro bem de ti', ao que eu respondi: 'Deixa lá,  não tem mal', e a minha amiga disse por cima: 'Ela estava toda bêbada!'.

Algum tempo depois de estarmos no restaurante, e minha amiga estava numa conversa com ele, e com outro moço impecável. Ele estava a contar que na noite anterior tinha estado tão mal depois de estar na recinto, que sentiu que tinha de ir para Hospital. Ele nem foi a andar para lá, nem chamou uma ambulância. Encontrou um carro do INEM estacionado à porta de um bar onde o paramédico estava a empinar shots. Sim, não me enganei. A fotografia final era ele deitado no banco de trás do carro, com o amigo dele sentado no banco de pendura com um copo de gin, e o paramédico a conduzir já tocadinho, vá. Mas a história continua, e não quero contar muito, porque a história não é minha, mas long story short: depois de ter estado a soro, saiu do hospital sem dizer nada a ninguém, e foi para discoteca.

É de pensar: Minha! Tu tens problemas! Tenho, muitos... dá para perceber. Mas ele devia estar um farrapo. Ao que parece a namorada dele tinha acabado com ele há pouco tempo. Eu não tenho grande pena, não estamos a falar de um santo. Mas deve ter sido mau, dado de que entre a noite do jantar e o dia do cortejo, ele não foi casa. De facto, estava a aproveitar a queima para apanhar uma bebedeira monumental, e curtir com miúdas. 

Por isso, sim, o karma lixou-me mesmo. A seguir à cena das escadas, e apesar de ter ficado com o número de telemóvel dele, e ele viver em Lisboa, eu não posso, não posso mesmo, dizer-lhe nada. Está a dar cabo da minha cabeça. 

Só estou a escrever isto aqui porque acho uma infantilidade tão grande, que ninguém com quem eu desabafe quer saber disto, e a comédia da situação fica muito bem aqui para melhorar o bloqueio da escrita que tenho tido.

Não consigo tirar este moço bêbado a cabeça. Malvada vida...

Nicas

quarta-feira, maio 04, 2016

Met Gala 2016

Parece um evento em que os criadores pagam às famosas para usarem os vestidos mais feios que já alguma vez criaram. Depois ficam a rir-se à gargalhada em casa, enquanto lêem a malta dizer que estavam lindíssimas.

A Taylor Swift parece um peixe (a malta da Vogue foi mesmo má para ela. Muda essa cor da cabelo Taylor, a sério, era só para fotos, já podes tirar), a Claire Danes um pirilampo, a Beyoncé uma poltrona do século XVIII, a Alicia Vikander uma mala chique da feira de Carcavelos, a Blake Lively parece que vestiu o cortinado a sala da tia, a Zoe Saldana parece um pavão (mas deve ter sido mesmo essa a ideia), e a Katy Perry parece que saiu de um pesadelo qualquer que eu tive em criança.

Enfim, diz que é excêntrico. É o Carnaval fashion. Eu acho que a esmagadora maioria das pessoas não faz ideia do que é a Met Gala (eu ainda não fui ver), mas depois de ver as fotos da malta, percebi que não devia ser nada de mais.



Nicas


Game of Explanation

Hoje venho falar de Game of Thrones. Obviamente, como fã de Star Wars, Harry Potter, Senhor dos Aneís, dos livros todos do Dan Brown e toda uma série de coisas nerds, eu vejo Game of Thrones religiosamente. O que vim a notar é que ao fim de 6 temporadas, e dezenas de personagens, até os espectadores habituais estão a precisar de ajuda, porque agora sempre que vou ao YouTube a seguir a ver um episódio, existem uma série de vídeos a explicar tudo a que acabou de acontecer. Talvez porque já não há livro... Existe até uma série agora chamada After the Thrones para explicar cada episódio.

É só impressão minha, ou Game of Thrones está a tornar-se a série mais intrigante e complexa de todos os tempos?

Nicas




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