sexta-feira, maio 13, 2016

O turno da noite

ou

'Bo tem mel!'


A faculdade fica mesmo pegadinha ao Monsanto. Isto significa que fica mesmo ao lado o recinto da SAL. Eu disse que tinha convidado a malta para ir, mas julgo que não vamos acabar por ir, porque o cartaz não está do nosso agrado (na queima de Coimbra, o cartaz não interessa muito... Sem ser o Quim Barreiros), e verdade seja dita, já não temos idade para a SAL. Aparentemente, segundo elas já só começamos a ter idade para ir a Sunsets nos terraços de hotéis da baixa de Lisboa (mas eu recuso-me a limitar a minha vida dessa maneira).

A minha faculdade tem um dormitório com muitos quartos, mas para fazer render o peixe, colocaram uma série de camas só num quarto, e independentemente do ano em que estejamos, e em que clínica estamos, acabamos todos a dormir no mesmo quarto. É o país que temos.

Depois de fazer a ronda da meia-noite, eu e uma miúda do 3º ano fomos descansar, para acordar novamente às 3h30 da manhã e fazer a segunda ronda. Entretanto, depois um momentâneo instante de acalmia no recinto, começa a chegar aos dormitórios: ... Bo tem mel!! Era o C4 Pedro a bombar, a multidão a delirar, e eu a amaldiçoar a minha sorte, desejando que o kizomba nunca tivesse sido inventado. No ano passado, a seguir à bênção das fitas, fomos vê-lo só pela graça (não é cem por cento verdade, porque era o Nelson Freitas, e algumas de nós gostam mesmo... O Bo tem mel, e eu não julgo ninguém).

Por volta das 2h50, chega malta da clínica de pequenos, um casal, a sussurrar:
- Anda para aqui... - diz ele.
- Não! - diz ela muito rápido.
- Vá lá!
- A sério? - penso eu.
- Não!
- Que filme...
- Eu não te faço mal...
- Não sei... - depois começaram a sussurrar coisas que já não dava para perceber, mas a fazer barulho à mesma.
- Pchiu! Então? - sussurro eu, alto. 

Eram 3h30, e saí com a miúda do 3ºano para fazer a ronda, sem acender a luz, claro. Separámos-nos, e eu cheguei primeiro ao quarto. Quando ela chegou começou a falar mesmo alto, e eu não disse nada, super envergonhada, até que ela diz: 'Ah! Está cá gente? Não ouvi ninguém a entrar à pouco...'; e eu penso: A sério? Conseguiste dormir? Odeio-te.

Tento adormecer... 'Groagrrrrr!! Groagrrrr!! Groagrrr!!'; 'Quem está a ressonar?!'

Eram 6 da manhã, e que nem um zombie, levantei-me. O casal levantou-se ao mesmo tempo. Entretanto, mais 2 pessoas já tinham entrado, dormido, e saído. E eu não tinha propriamente pregado olho. Então reconheci o casal. Era uma miúda e um miúdo do 4ºano, que sempre que os via achava-os adoráveis, porque pareciam mesmo um casal de tios do campo em miniatura. Assim descrito não soa muito bem, mas garanto que são amorosos. 'Bom dia!', baixinho. Fui ver se os cavalos estavam bem, e meti-me no carro. Tentei não atropelar os bêbados da SAL no caminho. Ainda me lembro de estar ali como eles, sair já de manhã do recinto com as minhas amigas, e procurar o autocarro para casa. Fui para casa.

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