Quando comecei o estágio, e percebi que não ia ter folgas, uma parte de mim morreu um bocadinho. Mas conheci as primeiras pessoas, e percebi que talvez não fosse ser assim tão mau. O problema foi quando conheci a veterinária portuguesa, que por acaso ia ser a minha patroa. Somos pessoas tão diferentes, ela puxava tanto por mim, e era tão desagradável, que várias foram as parvoíces que fiz, à conta do stress que ela me transmitia. A maior parte da minha adaptação, foi adaptar-me a conviver com ela. No fim, metalizei-me que ela é doida, e que eu só podia ser eu própria... A partir daí, começou a correr melhor.
Mas a parte engraçada (essa a que realmente interessa), é que estamos a falar de pessoa que adora falar de homens, e do quão atraídos eles são por ela, e ela por eles. É embaraçoso no sentido em que não sendo feia, não é assim tão linda...
Outra coisa de que ela fala muito, é de ter um cão da pradaria (perry dog). Eu não conhecia ninguém com um perry dog. Mas é como uma suricata. Como é um animal tão raro, não há legislação que proiba ou permita. Chama-se Poki.
No outro dia, uma das stable managers, uma sueca mesmo sueca, alta, esbelta e bonita, com aparência típica de cavaleira de dressage, disse para a veterinária enquanto ela estava concentrada na ultrassonografia:
- When you are concentrated, your face looks like your Poki's face.
Eu estava lá mesmo, e confesso que acho que uma parte dela morreu ali. Na altura estava cheia de anti-corpos contra ela, e achei talvez mais graça do que a que devia...
Nicas