terça-feira, outubro 13, 2015

Night shift

O 'night shift' é o meu drama actual. Dá-me taquicardia, não gosto nada da ideia de trabalhar de noite, de ficar exausta, e de ficar a dormir na faculdade sem energia para voltar a casa antes do próximo turno. E pior, não gosto mesmo nada de ter de ficar lá metade do dia e a noite de sábado, e o dia inteiro e a noite de domingo. Por mais que tente aceitar a ideia de ser um sacrifício passageiro, a verdade é que me aflige bastante. O facto de que sempre que falo nisso, as pessoas olharem para a situação com um certo choque, também não ajuda. 

A verdade é que o motivo de tal atrocidade, foi o facto dos alunos o preferirem. Sacrificaram o turno do tarde, e fundiram-no com o turno da noite, para terem uma semana livre. Mas eu ainda não decidi o que vou fazer com essa semana. Não faço a mínima ideia, e ter uma semana em que não sei o que vou fazer, num país que não é o meu, sabendo que toda a gente vai estar ocupada, não é assim tão apelativo quanto isso. Provavelmente, só vai dar para repor as tais horas de sono perdidas, a tratar cólicas noturnas, a trocar soros, a mudar ice packs, e a assistir a cirurgias matutinas. 

As cirurgias até são giras, a não ser pelo facto dos cirurgiões serem geralmente pessoas com péssimo feitio assim que agarram no bisturi, e fazerem perguntas que a certa hora da noite já ninguém consegue responder, nem com duas coca-colas, dois cafés, e três redbull no sistema.

É claro que eu não me importo nada, e até gosto bastante, de caminhar pelos estábulos, e ver os cavalos. Mas estamos na Bélgica, e colocar pezinhos na rua às 6am não é propriamente uma tarefa agradável. O frio hoje era tanto, que eu já nem conseguia distinguir bem os cavalos, quanto mais ver se os soros estavam mesmo a correr ou não, ou ouvir se a bomba de soro estava a apitar.

Os meus colegas esta semana são fixes, e até divertidos. No entanto, calhei no grupo de um moço que matou um pónei (que ia morrer que qualquer maneira, mas enfim), ao abrir a porta onde passa o sistema de soro na bomba, e deixou que a lidocaína corresse toda para a jugular do pobrezito; e que desapareceu num turno de fim de semana para ir para os copos. 

Isto tem tudo para correr bem...

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