No outro dia, a minha mãe passou-se com o móvel da corredor, porque as portas não fechavam bem. Então sacou de uns molhos de folhas, e deixou-os na escadas do sótão como quem diz: “Isto, Vanessa, é para tu arrumares quando vieres de Lisboa.”.
Naquele molho de folhas encontrei um texto de um teste de Português, cheio de erros, mas que me trouxe memórias engraçadas. O tema do texto era: Assume a personalidade de um dos marinheiros da armada de Vasco da Gama.
(Versão com menos erros)
Em Alto Mar
Lá estávamos nós naquele barco enorme cheio de gente. Eu só faço o que me mandam, mas não falo com ninguém. Todas as pessoas me parecem estranhas, não gosto do aspecto delas, e começo a pensar que isto foi má ideia.
Ainda me arrependendo mais quando me lembro que desde que saímos de Portugal já morreu muita gente. É assustador. Mas isto não é nada comparado com o que aconteceu ontem. Está toda a gente apavorada ainda.
Quando estávamos a jantar, começou de repente a chover horrivelmente, e os navegadores mais antigos começaram a contar histórias de navios que tinham sido devorados por ondas gigantes e monstros e coisas assim. Eu não acreditei, excepto quando sentimos enormes solavancos, todas as coisas a saírem dos sítios, e toda a gente a cair violentamente. Foi quando ouvi um grito e toda a gente foi lá para fora, incluindo eu que já sentia as pernas a tremer. Ouvia toda a gente a gritar "Cuidado com a vela!; "Estibordo!", e com toda a confusão levei com um balde na cabeça, caí... E não me lembro de mais nada. Abri os olhos e pensei: "Morri!", e depois gritei: "Morri!". Então alguém disse: "Olha acordou, He He!".
É por estas e por outras que eu me arrependo de ter posto dos pés fora de terra.
Nicas (Tive um certo com dois traços em cima do texto… Foi dos erros, e os parágrafos faziam-me comichão.)