terça-feira, agosto 31, 2010

Comboio Rançoso

Normalmente as pessoas têm tendência a rotular-se umas às outras. Certamente achamos que isto está mal feito, porque essa é principal fonte do preconceito. Mas e se eu disser que rotular as pessoas é tão antigo quanto o conceito de família? Achariam que tenho razão? Tenho tenho. Ora pensem lá um bocadinho.

Toda a gente é o seu “quê” na família. O meu tio de que falei no outro post, por exemplo, é inevitavelmente o bêbado. Eu, segundo a perspectiva analítica do meu pai, sou a Chica Esperta. Na visão generalizada da minha mãe, eu sou o comboio rançoso. Ou seja, sou mais ou menos como o nosso país. Tal como o nosso país, mesmo que eu de repente me tornasse num TGV iria ser sempre o comboio rançoso, não só na memória de toda a gente, mas também em todos os pequenos e insignificantes atrasos da minha vida.

Assim como o nosso país está rotulado há 900 anos, também eu há quase 18 estou.

Agora pergunto, valerá a pena fazer alguma coisa para mudar isto?

Nicas

domingo, agosto 29, 2010

Bebé Raivoso

Admito que o título deste post não parece socialmente correcto. Juntar ao substantivo “bebé” um adjectivo como: “fofinho”,  “risonho”, ou “choramingão” parece, do ponto de vista civilizacional, muito mais aceitável.

Mas pela minha vida prática, essa sim muito mais concreta que o quer que seja o “ponto de vista civilizacional”, posso comprovar que de facto os bebés raivosos existem, e não estão cá para brincadeiras.

Tudo aconteceu quando eu fui à praia e o meu primo levou uma bola enorme verde alface. Não tardou muito apareceu um bébé com uma camisolita vermelha a correr e a gritar: “É-a-boua, É-a-boua!”.  Abraçou-se à bola e queria leva-la. Mas a bola era maior que ele. Depois o meu primo começou a tentar distraí-lo. Não é que o bebé deu-lhe uma grande chapada… A avó do bebé apareceu e disse: “Não, não, olha a avó, olha. Sabes como é que o menino se chama, sabes? Chama-se Miguel. Diz lá: Mi-guel…”. Ao que bebé respondeu: “Não! Tau-Tau”, e deu-lhe outra chapada. O meu primo desistiu. Depois de ter lá andando a tentar levar a bola sem grande sucesso, ele olhou para mim com uns olhos que eu nunca hei de esquecer, e deu-lhe uma chapada na perna enquanto dizia: “Tó-ma!”.

Nicas (Eles existem, e andam mais chateados do que nunca…)

O tio Lucy

No livro de Ricardo Araújo Pereira podem ler-se algumas referências ao facto dele ter um tio bêbado. Ele chega mesmo a dizer que toda a gente tem um tio bêbado. Eu não sei se toda a gente tem, mas eu tenho.

O meu tio Lucy é uma referência do ontem para os licenciados de História de hoje, pelo simples facto de que o meu tio ainda vive com a minha avó. Todavia enquanto os licenciados de História vivem com os pais até aos 30, o meu tio tem quase 50 e é pescador.

Enfim, este tempo que arranjei da minha vida não tem só o intuito de partilhar aqui um elemento biográfico insignificante da minha ainda mais insignificante vida. Tem também o proposito de deixar aqui a razão pela qual ele me faz rir tanto.

“Tio - Ora vou deixar aqui um melão que é divinal!”

“Tio – Eu estive a ver “no TVI” uma entrevista com uma médica daquelas que é mesmo médica. Doutora e…coiso. E sabem qual a maneira mais saudável de frita batatas?

Mãe – Com óleo.

Sr. Eduardo – Banha!

Avó – Banha!

Mais alguém – Margarinha!

Tio – (Depois de ter estado sempre a abanar a cabeça negativamente) Não… é banha! Só assim é que as batatas ficam divinais!”

Nicas (Divinal!)

terça-feira, agosto 24, 2010

Saber estorvar é uma habilitação profissional

Eu sou óptima a estorvar. E como sou muito consciente desse facto, estou sempre a perguntar se estorvo, e até isso estorva.

Candidatei-me a Medicina Veterinária porque os animais são seres para quem não interessa muito se lá estou ou não. Mais ou menos como a minha família. Mas ao contrário dos animais, eles racionalização isso (e de que maneira).

Dado este talento que tenho, fico sempre com um brilho especial nos olhos quando vejo o trabalho das classes profissionais em que saber estorvar é um pré-requisito.

Os jornalistas, por exemplo, que estorvam toda a gente, mas principalmente os bombeiros, o inem, a polícia, e até as criancinhas pobres de África. Os ministros também têm uma apetência natural, como o Ministro da Administração Interna que foi estorvar os bombeiros para o Gerês, e que está sempre no local errado à hora certa, porque vai sempre para aquela zona muito específica das matas onde não arde. Os desempregados também, se bem que não são bem uma classe profissional, e não são todos, são só aqueles que pedem aos apresentadores de televisão para mandar beijinhos nos programas que dão em horário de expediente. As pessoas que distribuem panfletos na rua, e nos fazem ficar a segurar em papéis sem utilidade nenhuma, o que contribui para o abate de árvores, e para enchermos de mala de lixo. E mais gente que eu agora não me lembro.

Entretanto houve um choque em cadeira. Foi horrível. Toda a gente ficou sensibilizada.

Hoje uma jornalista da TVI, foi para a zona do acidente verificar que só estava uma faixa disponível porque, obviamente, andavam a limpar as estradas. É de se lhe tirar o chapéu. Foi estorvar não só quem estava a limpar a estrada, mas também os condutores que eram obrigados a lá passar quando ainda por cima só havia uma faixa. Tudo para entreter pessoas como eu, que estavam a ver.

Nicas

quinta-feira, agosto 19, 2010

Calvin and Hobbes

calvin and hobbes

Quando era pequena perguntei ao meu pai como se formavam as praias, e ele deu-me a melhor explicação de todas. Disse-me que Deus nosso senhor tinha juntado um copo de água e um copo de areia. E pronto. Era por isso é que existiam as praias. Mas depois na escola percebi que as praias são, basicamente, sítios em que há a deposição dos sedimentos trazidos pelo mar.

A minha avó também dizia que a trovoada era Deus nosso senhor zangado. E sinceramente, faz muito mais sentido do que a verdadeira explicação para o evento. A minha mãe chateada é um evento muito parecido. A única diferença é que para a trovoada podemos rezar a Santa Bárbara. Mas quando a minha mãe se chateia, não há padroeiro que rogue por mim.

Provavelmente, eu seria muito mais feliz se a explicação para tudo fosse sempre a mesma. Nosso Senhor, magia… Era bem melhor se não precisássemos de perder tanto tempo da nossa vida a tentar encontrar explicação para as coisas. De facto, era muito mais fácil de perceber por que é que a minha mãe se chateia…

Nicas

quarta-feira, agosto 18, 2010

Processo Criativo

Embora, naturalmente, não perceba nada do assunto, penso que a escolha do nome a dar a uma criança é um processo complicado de pesquisa.

Pessoalmente, se me encontrasse nessa situação, iria pesquisar nomes às listas de jogadores dos vários clubes de football portugueses, e quicá, internacionais.

É todo um leque de escolhas variado e extremamente rico, em que podemos encontrar nomes como Moudou e Pape da Académica, Bura do Paços de Ferreira, Yazalde e Ney do Sporting de Braga, e Giuliano da Naval 1º de Maio.

Alguns destes nomes podem ser alcunhas, outros são nomes meio estrangeiros, mas a  simples existência dos mesmos, e o facto de estarem relacionados com o football, faz com que entrem em determinadas conversas como: “Quem é aquele ali do Sporting de Braga?” “Ah, esse é o Ney” “E aquele?” “Yazalde” “Santinho!” “Hã… Não. É o nome dele” “Ah, desculpa. Yazalde é fixe… Henriqueta, querida, já sei que nome vamos dar ao bebé!”. E assim se escolhe um bonito nome para uma criança.

Outra conversa bastante diferente é o complicado raciocínio da cabeça dos pais que inventaram o nome, e que não me apetece aprofundar.

O meu objectivo não é depreciar estes nomes. Eu própria teria preferido que em vez de Vanessa, os meus pais me tivessem chamado Bura. Bura Henriqueta talvez.

Nicas Smiley mostrando a língua

sábado, agosto 14, 2010

Fly Higher!

hippo 2

Partindo da mesma lógica de há bocado, isto pode ser o que a minha mãe visualiza quando diz: “Pois é, já és uma mulherzinha, está na hora de saltares do ninho!”

Nicas (Onde é que fui buscar tantos hipopótamos? –> www.flickr.com)

O Futuro é o minuto a seguir a este

Vou para a Faculdade, e como tal tenho pensado em coisas. Das quais: “Será que quando tiver 18 anos já vou ser muito velha para escrever parvoíces aqui?!”. Dúvidas muito profundas…

Também me pergunto onde vou ficar a viver nos próximos 6 anos. De facto, provavelmente, agora deveria estar a preocupar-me a mudança, a distância a que vou estar dos meus pais, dos meus amigos, enfim, essas coisas. Mas (sem ser a parte dos amigos) até não estou.

Eu sou a filha mais nova de 3. As minhas duas irmãs mais velhas são seres que, ao contrário de mim, vivem em equilíbrio emocional, e nunca precisaram de um blogue como este. Considero-as pessoas realizadas, e cheias de qualidades. Mas a que mais invejo é o facto de sempre terem tido jeito para dar graxa. Eu não. Sou demasiado argumentativa, e o meu pai tem um nome especial para mim: Chica Esperta.

O meu pai é uma pessoa muito carinhosa, tão carinhosa que me diz coisas assim:

-> “Vais estudar para Lisboa, e vais ter de aprender a desenrascar-te sozinha! Quando andava na tropa tive de aprender tudo sozinho, e não tinha estudos nenhuns!”

-> “Eu – Acho que são 5 anos…

Pai – Quê?! 5 anos? Mais 5 anos a trabalhar para ti! Vai trabalhar!”

-> “Mas também, estares aqui ou não estares é a mesma coisa!”

Mas eu percebo. A primeira custa, a segunda já não custa tanto, e a terceira… “É pá, vai-te embora!”

Nicas (Pois é Pai, mas eu vou ter saudades tuas…)

Hippo

O hipopótamo sou eu, os patos são a minha família. Não tenho fotos de família como deve ser. Mas esta passa a imagem na perfeição…

quinta-feira, agosto 12, 2010

Um olhar avanicado sobre a História II

Tudo terá começado com uma hipotética conversa como esta:

Infante D. Henrique – Olhai! Vede o mapa do nosso país! Para onde hei de fugir se me der uma daquelas eventuais vontades da realeza de desaparecer, e mandar a minha pátria à fava?! Para o Oceano, onde vivem criaturas marinhas terríveis sedentas do meu real sangue azul, ou para Espanha!?

Servo qualquer – A resposta é clara e obvia meu senhor, a não ser que o senhor queira tirar Medicina, deveria ir para o Oceano.

Infante D. Henrique – Porquê, não gostais de espanhóis?

Servo qualquer – Não, senhor.

Infante D. Henrique – No Futuro irá haver um nome horrível para pessoas como o servo que não gostam de espanhóis.

Servo qualquer – Acha senhor? Um nome horrível? Como… Como, Manuela Ferreira Leite, senhor?

Infante D. Henrique – Não! Talvez… Xeno… Alberto! Isso, Alberto, é mau que chegue. Enfim, se vou fugir para o Oceano preciso de barcos, não é servo?

Servo qualquer – O meu senhor está a tornar-se cada vez mais perspicaz!

Infante D. Henrique – Pois estou! Bem, os barcos são feitos de madeira. Ordeno que se destrua tudo quanto é árvore, para eu e a minha família termos barcos para passear!

Servo qualquer – Tem a certeza? Mandai antes um grupo de badamecos testar.

Infante D. Henrique – Boa ideia, e já sei onde os vou mandar primeiro! Vou mandá-los a Ceuta!

E assim começou a corrida frenética aos sobreiros, aos carvalhos, e tudo quanto é árvore portuguesa. Grande parte da vegetação portuguesa foi arrasada nessa altura. Não! Não foi só o pinhal de Leiria plantado pelo D. Dinis…

Depois alguém lembrou-se que tínhamos falta de árvores, e começou-se a plantar por todo o país pinheiros e eucaliptos que são como as galinhas de aviário, crescem muito depressa. Mas enquanto as nossas árvores do Mediterrâneo estão preparadas para climas quentes, e algumas têm cortiça que as protege dos incêndios, os pinheiros têm resina, que é inflamável. Resultado, agora nós temos belas matas, em forma de barris de pólvora…

Nicas (Infante D. Henrique – Servo, olhai, vede nas notícias - “Praias espanholas foram atacadas por caravelas portuguesas…”

Servo qualquer - Não! Não são caravelas senhor, são alforrecas.)

terça-feira, agosto 03, 2010

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