Ontem enquanto discutia com a minha mãe veio à tona o quanto esta época tem sido má para o meus pais, ela disse-me: 'Eu também tenho sonhos! O que é que eu faço com eles?'. Para que eu pudesse concretizar os meus, os meus pais não puderam concretizar os deles. Eu nunca me defini a mim própria de ingrata. Ingratidão nunca foi nada que sentisse em relação a nada. Mas o que ela disse, caí-me que nem uma bomba.
No outro dia um artigo do Público pareceu-me bastante convidativo a ler, mas não o li. Já sabia o que dizia. Falava de como a sociedade hoje em dia cultiva cada vez mais o 'Eu' em detrimento do 'Nós'. Que vivemos obcecados com o nosso reflexo, com os 'likes' do Facebook, e os corações do Intragram. Que somos cada vez mais egoístas. Que o sucesso individual é mais importante do que o colectivo. Talvez. Mas as pessoas que tiraram essas conclusões provavelmente basearam-se na quantidade de pessoas que povoa descontroladamente as redes sociais. E está enganada. Pessoas egocêntricas sempre existiram. Têm é mais recursos agora. Mas não são a maioria.
Por menor que seja a fé que tenhamos na humanidade, temos de dar a César o que é de César. É típico da juventude andar-se perdido, é típico ser-se alvo fácil de tudo o que é novo (aka tecnologias), e típico também quer que gostem de nós (aka ser fixe). A juventude sempre foi o problema, sempre esteve mal, sempre foi de mal a pior.
Não é justo comparar a atitude da minha mãe com a minha. É normalmente que eu nunca tenha pensado nos sonhos da minha mãe. Ela é uma senhora adulta. É a minha mãe. Há muito pouco que eu possa fazer em relação aos seus sonhos.
É mais fácil ver a vida como a 'timeline' que ela é. Eu acredito que daqui a uns anos quando esta geração de 'gente egoísta' tiver filhos, vai ser qualquer coisa parecida com a minha mãe, capazes de sacrificar os seus sonhos pela educação superior dos filhos. O bem colectivo da família. Porque é que o que faz parte. É o que faz sentido. Duvido que irão ser malta quarentona a contar 'likes' no Facebook.
Nicas