quinta-feira, junho 30, 2016

Copenhaga

Eu já só queria acabar o estágio. Não tive um único dia de folga só para passear. Os únicos passeios que fizemos foram nas horas vagos do dia, e confesso que em algumas alturas apetecia-me mais estar a fazer uma bela sesta em vez de estar ali. Por isso, em vez de acabar o estágio no dia 29, e vir para casa a 30, decidi acabar a 28, fazer um mês exacto, e tirar o 29 para explorar Copenhaga, a partir de onde ia ser o meu voo.

Havia um problema: Ia estar sozinha. Um amigo meu vinha para cá para uma conferência do BEST, mas cortou-se comigo poucos dias antes. Ou seja, ia ser uma aventura.

Parti da Flyinge às 7h30, apanhei o comboio e fui para Copenhaga. O que eu sabia de Copenhaga não ia muito para além de ser capital da Dinamarca. Saquei do Google Map as indicações para o caso de não ter internet, e fui à procura do hostel.

Eu sou uma pessoa de introduções, ou seja, sempre que chego a um sítio novo, e preciso de ajuda, faço uma introdução. A minha intenção é atrair empatia, para conseguir que as pessoas me ajudem com mais vontade. Então quando cheguei ao hostel:

Eu - Good morning! I have been doing an externship in Sweden, and I'm only in Copenhagen for a day. Do you have any suggestions for me to appreciate the city since I'm only going to be here during this day?

Mocinha do Hostel - You have some free tours. You can go, and then you pay as much as you want.

Eu - Nice!

E lá fui eu. Mas sem antes aproveitar o wi-fi para contar à família que esta desenrascadona, estava sozinha, mas estava na maior. Quando cheguei à praça do City Hall, primeiro fui ao Hard Rock gastar dinheiro que não devia. Acontece que a economia da Dinamarca é ainda melhor do que a da Suécia, e as coroas deles valem mais. Isto de pensar que 'krones' são 'krones' e pronto, valeu-me uma choradeira que vou descrever mais à frente. Depois quando cheguei perto do grupo de pessoas, era simplesmente muita gente. Tudo em grupos, e eu ali sozinha de telemóvel na mão, a postar a foto que pedi a uma senhora simpática para me tirar antes de ir para o hostel. De repente: People for the spanish tour? E bling-bling-bling: Me! Me! Ora porquê? Não há malta mais fixe que a latina: 4 portoriquenhas, e uma espanhola a fazer o tour... É assim que se fazem amigos. Durante o resto do tempo, estive com a elas. Super simpáticas.

Fizemos aquela tour, e outra mais... Comprei 3 lembranças para a família. Comprei um latte. Comprei uma sandes e um sumo. Dei uma gorjeta de 70 kr no total (10€, eu pensei que fosse menos, porque em coroas suecas, seriam 7€). Quando fui ao McDonalds jantar (a pensar que ia ser barato): Card declined. Whaaattt? Ah pois, 100€ foram para o caraças assim sem mais nem menos, sem eu os ver. E era a Vanessa a chorar ao telemóvel que tinha fome e não tinha dinheiro, e os dinamarqueses que fossem roubar a tia deles, que isto assim não dava. A minha mãe transferiu logo dinheiro, e eu fiquei com depressão de millennial, ali sozinha tão independente a comer um hambúrguer do McDonalds em Copenhaga, mas que tinha pouco antes telefonado à mãe a chorar porque não tinha dinheiro para comer. Que vergonha.

Fui dormir para o hostel. Dormi que nem um anjinho. Podia ter dormido mais, mas isto de acordar todos os dias às 6h/7h da manhã, programa uma pessoa. 

E agora estou aqui na aeroporto de Copenhaga. Um típica millennial de pc no colo e usufruir do wi-fi grátis, para ir escrever treta na Internet, cuscar o Facebook, e ler artigos sobre o Game of Thrones.

Nicas

Perry Dog

Quando comecei o estágio, e percebi que não ia ter folgas, uma parte de mim morreu um bocadinho. Mas conheci as primeiras pessoas, e percebi que talvez não fosse ser assim tão mau. O problema foi quando conheci a veterinária portuguesa, que por acaso ia ser a minha patroa. Somos pessoas tão diferentes, ela puxava tanto por mim, e era tão desagradável, que várias foram as parvoíces que fiz, à conta do stress que ela me transmitia. A maior parte da minha adaptação, foi adaptar-me a conviver com ela. No fim, metalizei-me que ela é doida, e que eu só podia ser eu própria... A partir daí, começou a correr melhor.

Mas a parte engraçada (essa a que realmente interessa), é que estamos a falar de pessoa que adora falar de homens, e do quão atraídos eles são por ela, e ela por eles. É embaraçoso no sentido em que não sendo feia, não é assim tão linda...

Outra coisa de que ela fala muito, é de ter um cão da pradaria (perry dog). Eu não conhecia ninguém com um perry dog. Mas é como uma suricata. Como é um animal tão raro, não há legislação que proiba ou permita. Chama-se Poki.


No outro dia, uma das stable managers, uma sueca mesmo sueca, alta, esbelta e bonita, com aparência típica de cavaleira de dressage, disse para a veterinária enquanto ela estava concentrada na ultrassonografia:

- When you are concentrated, your face looks like your Poki's face.

Eu estava lá mesmo, e confesso que acho que uma parte dela morreu ali. Na altura estava cheia de anti-corpos contra ela, e achei talvez mais graça do que a que devia...

Nicas


quinta-feira, junho 02, 2016

Suécia

Embora já cá esteja desde de dia 28, só consegui escrever sobre a Suécia agora. 

Estão a ver aquilo que se diz dos nórdico? Que são frio? Distantes? Esqueçam. Não sei se é porque estou no sul numa região rural, mas eu passo a manhã toda a desejar 'Bom dia' a toda a gente aqui na Flyinge. Pessoas que eu não conheço nem sei se são cavaleiros, alunos de hipologia, veterinários, administrativos... 'Bom dia' a toda a gente. Até malta que vai só a passar de carro, acena. (Em Gent se não te olhasse com desprezo duas vezes por dia, já ias com sorte, porque podiam ser três). As pessoas são comunicativas, simpáticas e educadas.

O trabalho é muito. Mas mesmo muito. Do tipo em que se tem vergonha de ir à casa de banho com medo que se seja necessário para fazer alguma coisa. Tenho de reabastecer de cafeína bastantes vezes, e mesmo assim estou sempre a dormir. Mas estou feliz! Tudo aqui à volta é bonito, o sítio, os cavalos, a paisagem, os edifícios, a casa onde estou... Não gasto dinheiro nenhum porque não pago nada, só a comida do pequeno almoço e do jantar (mas até isso com jeitinho se arranjava). Se não fosse a dor de pés, e o trabalho em excesso, quase que podia ser um retino espiritual.





Nicas
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