quarta-feira, março 16, 2016

Tidal

Para quem ainda não percebeu, existe uma espécie de guerra oculta no mundo da música. Esta guerra fria começou quando se começou a usar a música não como forma de passar mensagem, mas sim para gerar activismo. O activismo é bom: Silence is a luxury of Privilege. Acho muito importante movimentos como o #BackLivesMatter, #AllLivesMatter

O Feminismo também. É necessário dar à mulher poder sobre o seu corpo, a sua sexualidade, a sua educação etc... Como nos podemos considerar uma civilização 'avançada', quando ainda temos dentro de nós barreiras, que tornam as nossas vidas e das outras pessoas mais difícil? Que Mundo fantástico seria o nosso, se deixássemos de nos preocupar tanto com a vida dos outros, e nos preocupássemos mais com a nossa. E melhor ainda, se preocupássemos sim com os outros, mas apenas para os ajudar.

Eu sempre gostei muito da Beyoncé, mas gosto muito menos hoje em dia. As músicas dela deixam-me desconfortável, como se não tivessem sido feitas para mim. Ou para pessoas como eu... Mas não há nada de mal em contar o passado comum das pessoas da comunidade dela. Acho necessário! E ela tem o direito de o fazer como ela bem entende. Se for chocar que seja! Andou-se muito tempo a lutar contra a censura para alguma coisa.

No entanto, é preciso ter em conta que para atingirmos (a utopia da) igualdade, temos de começar a perdoar, aceitar as diferenças, e deixar que elas deixem de fazer sentido. O racismo vai continuar a existir sempre que existirem complexos de superioridade, mas também de inferioridade. Só vai deixar de existir racismo, quando deixar de fazer sentido distinguir as pessoas pela cor de pele. Infelizmente, acho que vai ser uma luta de muitas gerações. Mas que seja uma luta, uma guerra até, e que se ganhe.

Não ajuda o Jay Z (com esta polémica toda) ter tirado os álbuns do Spotify e do iTunes para deixar só no Tidal. Esta parte sim irrita-me. Mas neste sentido também me chateia a Taylor Swift (a Beyoncé todavia, ainda tem a discografia no Spotify). Eu sei que não vou subscrever o Tidal (e não vou comprar o teu álbum de propósito Taylor, só para matar de vez em quando o guilty pleasure, podes tirar o cavalinho da chuva). Já tenho Spotify Premium. Não é que o Jay Z me faça falta. porque não faz. O Kanye West que estava segundo se diz, super endividado, também só publicou o álbum novo no Tidal. 

Hala Download Ilegal! Uh Uh! 

Isto tudo para dizer, que criar uma plataforma exclusiva é uma parvoíce. E o HipHop não é o único estilo de música produzido por pessoas de raça negra. Mais! Há muita gente de raça negra a produzir música bastante melhor. E não estou a falar só de Jazz, ou do Sam Cooke, estou a falar dos TV On The Radio, por exemplo. A esses eu pagava o álbum, o concerto, uma t-shirt e a caneca, só pela Wolf Like Me. Os TV On The Radio são uma banda de Rock Alternativo ou Indie Rock, e segundo a Wikipédia, o Rock Alternativo...
Consiste de vários subgêneros oriundos da cena musical independente como grunge e britpop, que estão relacionados por sua influência em diversas escalas com o punk rock (...)
Vamos acusá-lo que de apropriação cultural? Deixem de ser ridículos. Deixem o Macklemore e o Ryan Lewis produzirem Hip Hop, deixem lá o Ben Haggarty 'repar' à vontade. Deixem o Deadpool ter uma música que seja de Rap, e o Beyoncé vestir-se de Aishwarya Rai para o videoclip dos Coldplay.  Eu deixo a Jennifer Hudson cantar fado se quiser, porque era capaz de ficar mesmo muito bom!

Deixem a música ser música. Deixem-na fluir, passar a mensagem, e ser vivida por toda a gente. Deixem-na estar disponível para todos, e apreciada por quem quiser. 

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