ou
Melhor que o ficheiro da cloud com palavras que, de qualquer forma, nunca vais ler
Olá!
Já passaram três meses e uns dias desde que voltei da Bélgica. Ainda tenho momentos baixos, mas estão a diminuir com o tempo. Já só penso em ti 1 ou 2 vezes por dia, o resto são saudades de alguém que não existe. Sabes? Como na música da Ana Moura: Ai que saudade que eu tenho de ter saudade, saudade de ter alguém que aqui está e não existe. Não se vai estando mal... Já se esteve pior.
Não me sinto mal por te removido do Facebook. Remover é melhor do que bloquear, porque bloquear é amuar, e eu não nunca estive a amuar. Também não me sinto mal porque ter não ter olhado para ti quando estivemos naquele sítio ao mesmo tempo, e tu me viste. Eu tinha-te visto primeiro, e entrei em pânico. Pensei logo tenho de sair daqui... E fui embora. Não é nada meu fazer estas coisas, mas já pesquisei, e diz que é normal.
No outro dia, estive à procura de um ficheiro na cloud, e encontrei um ficheiro com um texto gigante que era suposto ter sido para ti. Era a maior parvoíce da história de todo o sempre... O que acabei mesmo por dizer foi mais do que suficiente: 'Acho que não devíamos falar'. O Acho era só para enganar...
Durante muito tempo, perguntei-me porque é que não tinha chorado mais, e porque é que não andei mais triste. Eu andei triste na Bélgica, mas foi com o trabalho, não foi com isto... Mas depois percebi. Não foi porque o moço que matou um pónei com lidocaína, que esteve comigo no turno da noite, até era bem jeitoso. Esta história já durava desde de 2011, par'aí... Foram muitos anos a penar!
Os anos podem ser revistos em músicas. Muitas vezes se ouvirmos músicas, vá, de 2012, conseguimos lembrar-nos de sítios e situações. Tens noção que há músicas que eu não ouvia?
Eu contei-te que um dos motivos que me fez ir para Barcelona, foi porque estava mesmo muito triste com a minha vida, e tu fazias parte dessa tristeza. Uma música que eu deixei de ouvir foi a Atlas dos Coldplay, porque tinha acabado de sair poucos dias depois de ter chegado a Barcelona. Eu nessa altura sentia-me mais sozinha do que o que já alguma vez me senti na vida. Toda a gente se sente assim nos primeiros dias de Erasmus, esquecemos-nos porque é que quisemos partir.
Poucos dias antes, tinhas mandando uma mensagem a perguntar se me tinha corrido bem a viagem, e que gostavas de ter despedido de mim. Sempre tiveste um dote para dar sinal de vida na pior altura, e para desapareceres na pior altura também. Tanto que depois não me deste os 'parabéns' quando fiz anos. Foi a primeira vez que passei o aniversário tão longe de casa sem a família e os amigos, poucos dias depois de chegar a Barcelona ainda as aulas nem tinham começado. É que nem lá no Facebook, onde toda a gente parabeniza toda a gente. Não foi nada de imperdoável. Mas mesmo assim, chorei tanto a ouvir:
Carry your world, I'll carry you world!
Carry your world, and all your hurt!
Eu lembro-me destas coisas... Depois também não ouvia Ben Harper, porque durante um Verão inteiro, não me disseste uma única palavra. Naquele ano (2011) ele tinha lançado um álbum mesmo giro, então foi outra choradeira com:
I've tried to be myself, But I forget how...
Pray that our love sees the dawn
Pray that our love sees the dawn
Agora já as consigo ouvir todas, e já nenhuma me faz triste. No entanto, foram tantas situações, tanta tristeza, tanta falta de confiança, de carinho... Não havia por onde sofrer mais.
Nem o Goodbye my lover do James Blunt me faz lembrar de ti. Podia fazer. Mas seria estúpido. Nenhuma destas música tem nada a ver connosco. Podem ter a ver sim com pessoas com histórias como deve ser. Mas se não fosse por ter vivido tanta coisa, tão diluída no tempo e tão concentrada e intensa no fim, a história não tinha sido história... Não tinha sido nada, e não tem de todo nem bocadinho da importância que lhe dei.
Mas porra, eu gostava mesmo de ti. Nunca tinha gostado tanto de ninguém, nem de longe durante tanto tempo. Arrependo-me só por ter dado tanto no fim, para receber tão pouco. Por ter acreditado em ti quando disseste que íamos ficar juntos... O resto é a vida... Todos temos fantasmas... E todos somos muitos estúpidos.
Não quero saber nada de ti, mas...
Felicidades
Nicas