segunda-feira, setembro 23, 2013

Diário de Barcelona - Erasmus

Dia 14, 15, 16, 17, 18


Este dias foram todos muito normais, salvo terem sido cansativos. Cada ida à cidade é meia-hora para ir, e meia-hora para voltar. Apanhei um ritmo tal, que ter ficado em casa ontem o dia todo fez-me mal, fiquei ansiosa, não descansei nada, não estudei nada, e deitei-me cedo.

Os fim-de-semana são um pouco dolorosos. Talvez sejam os dias mais dolorosos, porque costumavam ser dias passados em família, mesmo que fossem em casa, e agora se eu ficar em casa, sou só eu sozinha, sem a mãe e sem o pai, sem a avó, os tios e os primos, e por vezes as irmãs. Por mais aborrecido que pudesse ser, ao menos eles estavam lá, e perguntavam sempre ao final do dia: Então agora quando é que cá vens?
Agora só lá vou dia 31 de Outubro.

Não há nada melhor do que estar longe para se dar valor a estas pequenas coisas.
Ontem fiquei em casa porque a malta quis ir à praia. Não percebo esta atracção por praia, principalmente esta, que não é grande coisa. Quando disse aos alemães e aos suecos que a última coisa de que sentia falta era de praia, e não tinha vontade de ir experimentar a de Barceloneta, eles responderam-me: Mas tu és portuguesa! Fair enough.

Mas sou uma parvalhona porque depois fiquei em casa a pensar no que estivesse a perder, enquanto tentava ler um artigo de 14 páginas sobre medicina da cavidade oral.

No entanto, como me disse uma amiga, cada um aproveita à sua maneira, não há um guião de como as pessoas têm de aproveitar enquanto estão de Erasmus. A ideia deveria ser mesmo essa, fazer o que quisermos, sem pensar muito, apenas viver o desprendimento e a liberdade de estar longe, e de todas as experiências serem passageiras. Daqui a um ano já aqui não estarei, já não vou estar com nenhum dos amigos que aqui fiz, e vou voltar à rotina lisboeta de estudante de sempre. Por isso talvez seja melhor isso mesmo. Não pensar muito e pronto.

"Muito depende de sermos capazes de estar no momento em que estamos, sem pensar no que fizemos para ali estar ou nos preocuparmos onde vamos a seguir. Se pudéssemos ser inteiramente inteligentes, não pensaríamos senão no momento em que estivéssemos, sem expectativas. Para estarmos à espera, sem saber de quê."
Miguel Esteves Cardoso 
Nicas
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